segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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POESIAS CABARELIANAS
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Desafios

(Christina Rodrigues)

Viver é um desafio
Levantar da cama pela manhã
E não saber o que será seu dia.
O inesperado espera a cada esquina.
O inatingível nos alcança a toda hora
Aonde vamos?
Onde estamos?
O que programamos
É desprogramado a qualquer momento.
Medo! Impotência.
A verdade é que nos trancamos
Nos nossos apartamentos,
Colocamos câmeras de segurança,
Guarda-costas,
Mas a violência nos atinge o tempo inteiro.
Só o tempo consegue ser inteiro.
Perdidos a cada movimento,
Somos reféns do medo.
Acordar é um desafio.
Erguer os olhos a espera de um milagre,
Enquanto geramos a violência
Com nossa imobilidade.
E depois perdemos a fé.
Ter fé é um desafio.
Como mudar algo que construímos
Com nossa insensibilidade, frieza, distância.
Como arrancar algo,
Que plantamos com nossa incoerência.
São desafios!
Reter o carro que jogamos no precipício.
Deter a palavra que ensinamos a falar.
Somos o que pensamos.
Pensamos o que vivemos.
Vivemos o que plantamos.
Plantamos a ignorância.
A falta de educação
Plantamos a fome
Plantamos a solidão.
E o desafio agora
É acordar
Em todos os sentidos
Com todos os sentidos
Desafios.

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Sou aquele que canta

(Luca Oliveira)

Sou aquele que canta

Que pensa, e que vive

Aquele que grita e que corre

Pois sabe que é livre

Sou a voz do silêncio

Que faz escândalo

Sou o que cismo de ser

Louco, sem esperar a sensatez

Um momento por vez

Um dia após o outro

basta a cada um o seu mal... afinal,

Sou aquele que crê e duvida da fé.

Sou tudo e sou nada

palavra rimada me faz "CABARÉ!"

(Ilustração do filme Moulin Rouge)

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Apetite aberto

(Karla F. Loureiro)

Quero te comer , mas sem te vomitar!
Melhor...
Te vomito e te como de novo
O amor pra mim é assim Pulsante...
Tuas palavras nas minhas vísceras
Tuas secreções nas minhas
Nossas idéias num turbilhão!
Ainda penso...
Ainda vivo!
Estou aqui e Sinto muito , Tenho tudo.
Minha verve...
Meu estro !
Um livro aberto...
Vai, abre a página!
.

(Pintura. Autoria em pesquisa)

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O Belo

(Paulo Franco)

O novo nascerá vindo do velho

qual artista que a martelo

a arte nova cria

transformando a pedra em belo.

E o belo que da pedra sai

molda o que é duro

como a luz em beco escuro

em si se sobressai.

E do velho que se vê no novo

outros sonhos reflorescem

como as gerações em cada povo

um novo revolucionar aquecem.

E assim se tece a criação

se transformando a cada renascer,

verso a vagar de mão em mão

pra no instante eternizar o ser.

E o novo que se vê no velho

é o criador a ourivar a inspiração,

qual artesão a cizelar verso

libelo pra eternizar do criador a criação.

(Do livro PÉTALAS DE INSÔNIA - página 24)


(Pintura. Autoria em pesquisa)

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SE EU FOSSE DEUS...

Por Luizinho JR.

Teria o poder sobre tudo e sobre todas as coisas.

Faria com que o mundo fosse um lugar mais justo.

Não permitiria a fome, a miséria, a exploração,

e nenhuma outra forma de violência.

Não permitiria a ganância, a insensatez,

o ódio e a intolerância.

Não permitiria os massacres e os genocídios.

Faria com que todos se respeitassem,

independente da raça, crença ou cultura,

reconhecendo no outro a si mesmo.

Jamais permitiria o surgimento das desigualdades sociais.

Jamais permitiria o fanatismo e as religiões.

Faria com que todos os homens soubessem discernir o certo do errado.

Jamais permitiria atitudes que não causassem o bem comum a todos.

Jamais permitiria o sofrimento.

Não permitiria a hipocrisia

Não permitiria a guerra.

Faria um mundo onde nada daria errado.

Faria um mundo onde todos viveriam felizes.

Faria um mundo perfeito, com habitantes perfeitos.

Enfim...

Se eu fosse deus, não existiria.

(O GRITO- de Munch)

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A TRANÇA DAS RUAS

(R. Simões)

Desde que me conheço no berço ainda,
berço desconhecido trançando os pés,
quem sabe tentando sair de lá
já,prá essa trança das ruas.
É que as ruas fazem tranças nuas,
umas pelas outras quando se quer "andar".
É no meio dessas tranças que entro.
E já conhecido das ruas
tido como laço nas andanças
e querido como o nó de aço,
com que prendo suas pontas no peito
bem daquele meu jeito
de quem ama as tranças da rua.
Todas elas descomplicadas
sem embaraço
algumas sujas e amadas,
outras lindas e abandonadas.
Tranço tanto todas elas
que as tranço sem perceber.
E sem perceber vou trançando,
viajando nos seus contornos matreiros,
contornos de muitas "luas".
E é certo que bem de perto vigiado
pelos olhos zombeteiros
de cada uma das ruas.

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